sozinhos

Eu sinto falta de me sentir magnetizado. É uma habilidade que poucas pessoas tem. De vez em quando surge uma ou outra pessoa que nos deixam assim, encantados. Os bons amigos continuam com esse pequeno superpoder, são pequenos cubos mágicos, que eu nunca consigo montar. Geralmente eu encontro mais em coisas, atividades. No último post, ficou claro que acroyoga era uma delas; um tempo atrás, minha graduação; quando sobra tempo, a escrita. Mas quando penso em pessoas, esse número cai. Não são todas que me fazem querer o privilégio da presença. São cada vez mais raras aquelas que nós conhecemos e queremos conhecer cada dia mais, esmiuçar cada pedacinho, descobrir de onde veio, onde está e pra onde vai. 
As pessoas se tornaram rasas. E nós necessitamos de mergulhos profundos, seja pra descobrir os outros ou para entendermos mais sobre nós mesmos. A conversa é terapêutica, mas será que realmente estamos sendo ouvidos? Ou isso é tudo resultado do modus operandi da sociedade líquida que o Bauman tanto reclama. Falar pros quatro cantos na esperança de receber um alô.
É estranho pensar sobre isso. De dizer quem é amigo, quem é colega, quem é amante. Eu sempre chamei todo mundo de amigo, mas meu pai era o extremo oposto: eram todos colegas. Eu gosto de ler sobre etimologia das palavras, mas destas eu nunca tive interesse em pesquisar. Mas e hoje? Quando a gente se torna adulto, parece que essa coisa de organizar tudo em tupperware (do português aqui de casa, tapaué) parece fazer mais sentido. 
A gente parece gostar mais desse estilo de vida cartesiano. Eu lembro que uma vez, no cursinho, um professor de Língua Portuguesa ensinou pra gente que amar era pra ser usado para pessoas, gostar era pra ser usado para objetivos e adorar era pra ser usado pra algum ser metafísico. Mas é difícil a gente dizer "eu te amo", né? Parece que a gente fica durante um certo período gestacional, esperando o momento das contrações e daí - ufa! - dizer eu te amo. Mas nem sempre é recíproco, as vezes a resposta é um silêncio. A gente também tem dificuldade de receber um eu te amo quando estamos desprevenidos. Talvez a gente esteja pouco acostumado a ser amado. O Caetano canta sobre isso: "fala que me ama só que é da boca pra fora". E o resultado é esse. Estamos todos, no fundo, sozinhos.  

Comentários

  1. Amigo, você não tá sozinho. Sempre tem quem te ouça, ou no caso, te leia. Eu sou seu leitor desde a 3ª série.
    Clitória Hurricane

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  2. Amigo, você não tá sozinho. Sempre tem quem te ouça, ou no caso, te leia. Eu sou seu leitor desde a 3ª série.
    Clitória Hurricane

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    1. Amiga, pelo menos com você, eu sei que posso contar <3

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