intercâmbio

Seguindo a linha do blog de fazer posts aleatórios sobre o que acontece na minha vida, resolvi escrever agora sobre o intercâmbio acadêmico que vou fazer no primeiro semestre de 2018. Eu nunca tive intenção de fazer intercâmbio na graduação, sempre achei que ia ser um gasto absurdo e que eu poderia tentar me arranjar por aqui mesmo. E até agora foi mais ou menos isso: no começo do ano, eu consegui fazer o curso de verão do IMPA como bolsista (e foi aí que eu percebi que tenho um longo caminho a percorrer na matemática, mas eu vou falar mais sobre isso em outra oportunidade).

Eu reconsiderei a possibilidade depois de uma reunião com a minha orientadora, que tinha comentado os benefícios e as oportunidades que se abririam, que eu não tinha levado tanto em consideração. E aí decidi tentar, sem muitas expectativas. Eu entrei no processo seletivo da FEA-RP, ainda sem passaporte e sem muitas expectativas de bolsa (ainda que eu não fosse caso eu não tivesse algum subsídio), e optei por uma universidade portuguesa, porque além do idioma, Portugal também têm um custo de vida menor e dentro das opções, era o que apresentava uma ênfase um pouco maior pra área de economia monetária, área da minha iniciação científica. 

Depois que eu consegui a vaga na unidade, surgiu a oportunidade de concorrer a bolsa Fórmula Santander. Eram quatro vagas para a USP toda e eu acabei sendo um dos contemplados. Teve até um encontro em São Paulo, no GP de Fórmula 1, em que todos os bolsistas se reuniram pra receber a bolsa, conhecer um pouco mais sobre os projetos do Santander Universidades. 

No fim das contas, foi tudo muito corrido, mas acabou dando tudo muito certo. O semestre passou voando e muitas vezes eu me assusto em pensar que em menos de dois meses eu estarei em outro continente. É muito esquisito quando alguém me diz "vamos marcar alguma coisinha pra gente se despedir" porque eu acho que só vou me tocar que estou indo pro intercâmbio quando eu estiver no intercâmbio.

Mas eu acredito que será revigorante: o próprio atual reitor da USP, que estava presente no evento das bolsas, comentou que o intercâmbio não vai só mudar nossas vidas, mas também propiciar mudanças dentro do nosso ambiente acadêmico. Lisboa é uma cidade muito cosmopolita, atrai diversos estudantes do mundo todo e é considerada uma das melhores cidades europeias. Esse tipo de experiência muda a gente e acho que vai ser positivo porque eu só fiquei um mês longe de casa (a experiência do IMPA) e eu me sinto MUITO dependente da minha família, então eu preciso cortar esse cordão umbilical. 

Pra sintetizar tudo aquilo que estou sentindo - medo, ansiedade, empolgação - o trecho de um poeta lisboeta que eu gosto muito:

Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...)

Tabacaria _ Fernando Pessoa.