13:13 - nunca te amará
Quando eu tinha 16 anos trabalhei por um curto período numa livraria no shopping. Eu tinha que sair da escola, correr pra casa almoçar e correr pro ponto pra não perder o ônibus. Sempre olhando no relógio, tinha um horário que sempre me marcava: 13:13. Na época, quando ainda existia Orkut, havia uma comunidade que trazia o significado de horas iguais. Não tenho ideia qual era o embasamento praquilo, mas a 13:13, que de certa me perseguia, significava "nunca te amará". E lá vamos nós em mais um texto pra dizer que eu nunca fui amado de um jeito romântico. Que eu nunca me satisfiz ou fiz capaz de satisfazer os outros. Por que eram sempre dois lados de uma mesma moeda: ou eu ia rápido demais, ou devagar demais. Nunca era suficiente, muito difícil controlar a embreagem nesse caso desgovernado que é a vida. Sempre faltava algo, em mim e nos outros. E dizem que nascemos completos.
Eu odeio ficar sozinho. Eu sinto falta de ter alguém por perto, alguém que eu poderia dedicar o meu tempo e a pessoa pudesse dedicar o tempo pra mim. Eu sei que eu posso ir no cinema sozinho. Eu sei que posso escrever pra um amigo quando me sentir só. Mas o relacionamento romântico tem alguma coisa, que eu não sei o que é, que o torna especial. Que nos torna especial. É quando você sai com seu amigo e ele liga pro namorado pra saber se ele precisa de carona. É quando seu irmão te chama pra ajudar comprar o presente da namorada. É quando sua irmã te conta os planos de comprar um apartamento com o namorado. É quando a amiga diz que não foi capaz de superar o ex. É quando você acorda e a primeira coisa que pensa é se a pessoa está bem. É a ânsia de se encontrar no fim de semana. De planejar uma viagem juntos.
Eu perdi as contas das vezes que eu me apaixonei. E toda paixão tinha um pouco desse planejamento: onde moraríamos, quem eu convidaria pro casamento, se teríamos filhos e pets. Emocionado, eu sei. Mas qual a graça de viver se não é pra ter sonhos? Qual a graça de conhecer alguém e não ter objetivo? Qual problema de ter um sonho antigo e, como em um quebra-cabeça, tentar encaixar a pessoa que você acaba de conhecer. Como economista, eu sei o peso que expectativas tem. Como ser humano, eu sinto este peso. Depois de três longos anos celibatários, eu resolvi tentar de novo. Reviver toda novela: de onde você é, que faz da vida e quando vamos nos encontrar. Nadar nesse mar imenso de possibilidades, mas olhar no relógio mais uma vez e perceber que ainda é 13:13.
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