dentista?!

Dentina e Esmalte. É isso.

Eu nem sei por onde começar. Quando eu começo a me ler, eu não me reconheço. Como foi que eu cheguei aqui? E quem eu era antes de ser eu?

Em menos de um mês eu completo 30 anos. Dez ou doze anos atrás, meu primeiro sonho era ser jornalista. Eu sempre gostei muito de escrever, gostava de ler romances, aventuras, fantasias. Foi por isso que eu criei esse espaço, porque eu queria liberdade pra escrever. Queria começar de algum lugar. Pensava que algum dia as palavras que eu colocasse aqui seriam inspiração pra algum estudante. E então eu mudei de ideia. Me encantei por biologia, por saúde, queria ser cientista! Era o meu chamado. E eu fui ganancioso. Quis ser médico. Entrei naquela cruzada que é ser estudante pré-vestibular. Conheci pessoas. Vivi traumas. Pensei superar. Eu gostava de viver intensamente. Eu me permitia errar. E foi aí que eu mudei denovo: economista. Era o meu (segundo) chamado. Com fragmentos do sonho anterior, cientista econômico. Eu confesso que, enquanto eu estava ali, ainda tudo fazia sentido. Eu me dedicava demais, eu sempre tive essa determinação em aprender, em mudar (e dominar) o mundo. Só que eu não sei explicar como em algum momento tudo perdeu o sentido. Eu não tinha mais propósito, eu me sentia uma farsa por estar alí e eu não queria continuar. Eu juro que eu não sabia o que fazer, então eu fiz o que me cabia. Terminei a graduação, ainda me arrisquei no mestrado e por fim me tornei mestre. Só que ainda não tinha propósito, não tinha motivação. Eu queria alguma coisa que ainda não tinha nome, eu queria me reconectar com alguma coisa que eu pensava ter perdido. 

Eu tive medo sim. Eu virei noites pensando o que fazer de mim. E eu pensei que fosse morrer também com a pandemia, mas continuei vivo. Era agora ou nunca. Sabe-se lá quando teremos outra chance. Eu pensei minunciosamente sobre o que fazer. Pelo menos teoria econômica me ajudou nisso: avaliar custos e benefícios. Era isso: odontologia. O segundo curso que eu disse que jamais faria, o primeiro era economia. E agora estou aqui, quase terminando o primeiro ano. Tive que criar novos laços, alguns se foram nessa bagunça que é minha vida. Sinceramente eu acho que estou pronto. Alguma coisa boa tem que vir, em algum momento os dias de glória terão que surgir. 

As vezes eu me perco no caminho e por isso eu quero deixar claro pra mim mesmo do futuro (em algum momento eu vou revisitar isso, sempre terá alguma madrugada que me trará de volta pra cá): se você tiver dúvidas se está feliz, então está feliz. Tristeza não gera dúvidas.

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