sobre nunca ler o final.
Tenho lido muitos livros ultimamente. Abondonei um pouco os eletrônicos, deixei de assistir um pouco a programação da Tv Cultura e deixei de lado as minhas séries e desenhos do Netflix por um período de tempo. Mas diferente do que fiz nos últimos anos, busquei romances. Romances desses que eu comecei a ler no Ensino Fundamental: Harry Potter, O Caçador de Pipas, A menina que roubava livros e por ai vai.
Agora estou lendo Morte Súbita da autora J.K. Rowling.
Sempre li críticas negativas sobre o livro e algumas mais ou menos positivas, mas talvez seja uma questão de sensibilidade para com a história (assunto que já tratei anteriormente no blog) e a vivência e experiências que o leitor tem com o livro. A questão que quero chegar é a seguinte: o livro diz, de uma forma mais fictícia e talvez mais aceitável, as coisas que acontecem na minha vida e no meu cotidiano.
O livro, que no começo nos mostra diversos personagens extremamentes superficiais, vai moldando cada um deles e mostrando retratos da psique humana: a questão do homem cisgenero patriarca e as demais consequências do mesmo.
Morte súbita, de forma coerente e intrigante, mostra os casos de violência doméstica provocados pela personagem Simon, que me remete ao meus anos de pesadelo vividos junto com minha mãe enquanto a mesma vivia com meu padrasto.
Morte súbita, de forma inteligente, mostra as várias facetas da adolescência por meio de Sukhvinder, a marginilização de ser negra, acima do peso e possuir pelos, em uma sociedade que impõe que o ideal feminino é o da mulher branca, magra e depilada. Sem contar os episódios religiosos, mas que são tratados de forma mais superficial, ao menos até o momento.
Entretanto, é Krystal quem me encanta. A personagem de personalidade forte, é aquela que luta pela família, pelo direito de ser livre e a busca pelos mesmos direitos e privilégios que os moradores classe média de sua cidade vivem. Krystal vive na periferia, aquela que tem usuários de drogas (inclusive sua mãe viciada em heroína) e outros perigos. Krystal acaba de ser estuprada pelo traficante, o que me faz pensar quantas Krystal's não estão sendo estupradas nesse mesmo momento nas favelas brasileiras, tendo seu grito abafado pela falsa sensação de segurança que as UPPs tentam transmitir na televisão.
Faltando apenas duzentas páginas para o termino do livro, li o ultimo capítulo. Krystal morre. A minha favorita, aquela que lutou tanto pela vida, no fim, morre. Morro com ela, pois minhas esperanças até então depositadas em sua vitória, foram todas suprimidas com aquele amargo sabor de fel da realidade. Bem-vindo ao planeta Terra, onde infelizmente, não há finais felizes.
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