pro anjinho lá do céu.

Era começo de Março. Por mais que eu fosse novo, parece que essa lembrança aconteceu ontem a tarde, ou talvez semana passada. Não importa… Aconteceu. Nós nunca entendemos porque alguém tem que ir embora, provavelmente também não entendemos porque temos que ir. Acho que fica tudo por conta da vontade de ficar… que não faltou de sua parte. Não é tão simples como quando alguém se despede. Você disse até logo, mas não voltou! E eu sei, não foi culpa sua. 

 Nós não eramos as pessoas mais ligadas do mundo. Mas o pouco que ficávamos juntos, me fez conhecer a vida como ela realmente é. Me fez perceber que, por mais simples que seja, um voo de uma borboleta é magnífico. E agora eu te entendo. 

 Com você aprendi a dar valor em coisas simples. Pena que foi tarde, você não estava aqui pra ver que cada pequena lição tornou-se um passo largo rumo ao infinito. Com você aprendi a dizer não e não chorar tanto. Aprendi também a não aceitar a intolerância alheia. Não aceito que pessoas sofram, não aceito que pessoas partam… Afinal, por que mesmo você teve que ir embora? Eu sinto tanto sua falta!

 Agora fico assim: horas e horas relembrando, rindo das suas piadas - como quando você disse que tentou desligar o ventilador com o controle da televisão-, revendo fotos da minha vida - que você sempre fará parte dela - e o jeito engraçado que você me explicou o que é um cará, que eu nunca vou ter coragem de comer. Detalhes. Sabe aquela angústia que eu senti quando você partiu? Então, ela também foi embora. Deu espaço pras lembranças boas. Acho que isso veio de você. Obrigado, Tia. Você é especial pra mim.

 Ps: Lembra que você dizia que o importante era eu me esforçar pra te dar orgulho? Então, dizem que eu sou um jornalista nato. Acho que realizei o seu sonho.